terça-feira, 3 de maio de 2011

Política - Um texto de Paulo Jorge Dantas

Um texto do meu amigo Paulo Jorge Dantas. Para memória futura. Com a devida vénia.


PORTUGAL

Nestes tempos, diariamente, somos bombardeados com os problemas em que estamos metidos, a falta de soluções para os mesmos, a soberania que já não temos, etc, etc.
Não refuto nenhuma dessas noticias, todas me preocupam. Mas há algo que me preocupa mais, muito mais; nós, colectivamente, somos um povo com fraca memória e, nos últimos anos, criamos um exército de dependentes do estado que tudo fazem e farão para não deixarem de o ser. Dizem os comentadores profissionais que são cerca de Seis Milhões. Se, historicamente, nunca fomos de nos mexer muito, pensar que, neste momento difícil, 60% das pessoas vivem directa ou indirectamente do Estado, preocupa-me. Preocupa-me muito. Como podemos sair disto sem crescimento? Como podemos crescer sem iniciativa?
Por outro lado, só isto pode explicar que haja muita gente a querer voltar a votar no Engº Sócrates. Não pertenço e não apoio nenhum partido mas de uma coisa não tenho dúvida, este senhor fez muito mal a Portugal nos últimos seis anos, conduziu o País para este buraco e não é pessoa de bem, senão vejamos:
a vergonha da licenciatura, o Freeport, os processos da Cova da Beira, a incrível história (está nas escutas) da tentativa de compra da TVI, os projectos de engenharia da Guarda, as escutas que foram tornadas públicas e que o Supremo Tribunal decidiu destruir, os custos com a teimosia do TGV (analisem a cronologia dos factos), a encenação para se demitir quando ainda esta semana admitiu que sabia ser inevitável pedir ajuda externa e a ridícula e insuportável vitimização constante perante tudo e todos.
Chega? Não? Então vejam qual foi o défice em 2005 e acompanhem a sua evolução até ao presente, lembrem-se de quantas vezes ouvimos dizer que não havia crise nenhuma antes das eleições de 2009 e o que aconteceu logo a seguir. Seis anos! Seis anos de vitimização, arrogância e incompetência. E o programa de governo para os próximos anos? 6,8 de défice? O INE e o EUROSTAT confirmaram 9,1! Já não há vergonha?
Levou-nos à crise, mentiu-nos e mente-nos diariamente sem qualquer remorso. Não chega para vocês? Para mim chega. Eu sei que somos um povo com medo de mudança e que a maioria está agarrada a um “tacho”. Sei também que o outro candidato a primeiro ministro demonstra todos os dias que é lento, ingénuo (provavelmente incapaz) e está muito mal acompanhado – não é nele que votarei seguramente, mas o actual já foi longe demais e eu não vou ser conivente com a destruição do País que tanto amo.  Habituemo-nos a ser responsáveis pelo que fazemos e saibamos que quem escolhe os politicos é quem vota neles.
Vejo demasiadas pessoas a optar pela inércia de pensar, vejo demasiadas pessoas com o velho hábito de fazer de conta que não é nada com elas, demasiadas pessoas sem esperança. Daí que decidi tentar suscitar alguma discussão, algum pensamento, decidi ser cidadão activo nesta campanha. Cívicamente.
Vamos ter menos dinheiro sim, mas porquê chorar? Mudemos antes hábitos que nos matam e que nos estrangulam, aproveitemos para criar uma nova cultura e mentalidade como povo. Vamos ter menos carros e viagens e créditos sim, mas aproveitemos para recomeçar e viver com o que temos, um dia teremos mais. Vamos pagar uma longa factura sim, mas aproveitemos para tentar que os politicos, daqui em diante, sejam responsabilizados pela forma como gastam o dinheiro de todos nós, sim, não esqueçam que não é deles. Vamos ter que largar os “tachos” sim, mas por isso é que somos um país anémico, sem iniciativa, sem garra, sem orgulho, aproveitemos para arriscar, descobrir novos produtos e mercados, criar sinergias, trabalhar mais e melhor. Sim, precisamos de trabalhar mais e melhor e de nos queixar-mos menos, só assim poderemos ter, um dia, um salário mais justo, algo que seja nosso e não do banco. A cultura do mérito e do trabalho não são uma doença – como acham os dependentes atrás referidos – são uma característica de uma sociedade moderna e desenvolvida.
Mais estado social? Não, mais civismo, mais justiça e mais Consciência social.
Não nos adianta chorar, chega de sermos um povo lamechas, procuremos as saídas existentes, podem ser poucas mas são melhores do que desistir. Há sempre oportunidades em momentos de crise, creio que a oportunidade que esta nos traz é a de sermos um povo melhor, com melhores hábitos, mais preparados para o futuro. Uma Nação não se constrói só pensando no presente, melhorar a mentalidade da nossa sociedade requer sacrifícios – estes por exemplo – mas também queremos que os nossos filhos vivam melhor por isso tem que valer a pena, não podemos ser assim tão egoístas.
Sei que um texto não muda uma sociedade, mas a vontade de todos nós muda! Não sejamos cobardes.

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