sexta-feira, 22 de abril de 2011

O despedimento de Teixeira dos Santos

Manuel Queiróz no "I"

"A próxima campanha será feita em circunstâncias difíceis", disse ontem Francisco Assis, ainda líder parlamentar do PS. É algo óbvio e que todos os socialistas sabem, porque o eleitorado vai, sobretudo, julgar os seis anos de José Sócrates e o pedido de ajuda externa que se viu obrigado a fazer contra tudo o que tinha dito. É a vida, como dizia Guterres.

Ontem conheceram-se as listas de candidatos a deputados e José Sócrates impôs a sua quota em Lisboa (nove nomes foram indicados directamente pelo secretário-geral), o que mostra como não quer correr muitos riscos. E é capaz de também ser por isso que o Movimento Humanismo e Democracia (que tinha as deputadas Teresa Venda e Rosário Carneiro, num acordo que vinha do tempo de Guterres) também já não teve lugar. Teresa Venda acha que "o objectivo do PS é ir buscar o eleitorado que perdeu nos últimos anos para o Bloco de Esquerda" e diz também que o fim do acordo deve estar ligado "às baixas expectativas eleitorais" do partido. "Acho que o PS está em risco de perder alguns lugares no parlamento e quer garanti-los para os seus." Também há, claro, muitos interessados - e desta vez é capaz de haver menos lugares disponíveis. Certo é que não houve lugar sequer para Luís Amado, o ministro dos Negócios Estrangeiros que nem achava mal nenhum em que o PS tivesse agora a sua cura de oposição, como disse durante o congresso de Matosinhos à TVI. 

Há alguns lugares para independentes mas, tal como no PSD, a abrangência de José Sócrates é bastante limitada, até dentro do partido. Ou com os amigos mais próximos: Teixeira dos Santos também não coube porque "as relações acabam", como disse Vieira da Silva. Às vezes acabam mal, porque o ministro das Finanças aguentou muito, mas teve mesmo de forçar o pedido de ajuda externa. Na política, a amizade é sempre um valor relativo e Teixeira dos Santos também sabe isso. Em plena negociação com o FMI é mesmo o tempo certo para despedir o (ainda) ministro das Finanças.

Em 2009, o homem nascido na Maia fez uma campanha fortíssima, empenhou-se quase como um militante (que não era) e no Porto chegaram a querê-lo como número um. Agora foi chutado para canto, em mais um sinal de que José Sócrates não perdoa - de tal modo que Vieira da Silva nem teve de disfarçar ontem como não gostava do homem da massa que muito ajudou José Sócrates.

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